Brasília (DF) – Você lembra dos filmes de Faroeste (Far West) ou bangue-bangue antigos, aqueles dirigidos por George Stevens ou John Ford, não falo dos mais complexos. como do estranho no ninho Sérgio Leone!? Aqueles em que sabíamos quem eram os mocinhos e os bandidos?!
Pois é. Num país em que 58% dos seus municípios vivem secas de forma inédita, em que 71,9% das queimadas na América do Sul atingem o Brasil, tem algo errado, demais! Neste ano, foram registrados 182 mil focos de queimadas no Brasil. Num país deste não pode ter heróis, só facínoras ou falsos heróis.
Todo mundo sabe que no Governo Bolsonaro o orçamento dos órgãos ambientais foi para o fiasco. Essa turma foi mandada para o fim da fila, se desincentivava qualquer discussão sobre segurança ambiental. Daquele mato não se poderia esperar nem onça e nem cachorro!
O Governo Lula nasceu, em boa conta, face seu compromisso ambiental e com nosso futuro como potência das energias renováveis, a grande sacada para entrar no primeiro time do Planeta. Muito discurso, mas pouca coisa na prática.
Foi anunciado, logo no início, uma Autoridade Climática, que nunca saiu. Lula disse em Manaus(AM), na última semana, que ela vai sair do papel. No início, nem a esquerda e nem a direita queriam a tal Autoridade Climática, que, claro, para ter autonomia, mesmo, tinha que surgir como uma nova agencia reguladora, mais que isso.
A burocracia das esquerdas não queria perder poder. Se falava que a própria Marina Silva preferia ser essa autoridade, que ministra! A direita, dos agrotrogloditas, só pensava no trabalho que isso iria dar para eles.
E o Congresso, que, em tese, representa a sociedade? O “Correio Braziliense”, neste final de semana, mostrou que só um deputado Amon Mandel(Cidadania-AM) destinou emenda para “Ações de Prevenção e Controle de Incêndios Florestais em Áreas Federais”. Pouco mais de R$ 268 mil em meio a R$ 22 bilhões de emendas possíveis.
Por outro lado, estão sendo aprovados projetos de lei da bancada do centrão, ou da direita, mudando o Código Florestal Brasileiro, ou para reduzir o tamanho da área de reserva ou permitindo obras em Área de Preservação Ambiental (APA).
Na prática, existe no Congresso um ambiente em que se tem certeza que se você fez um malfeito ambiental vai ter alguém para te defender, ora dizendo que é bom para o nosso agronegócio, ora falando que o povo ancestral tem espaço demais ou é coisa de comunista.
Enfim, o governo anterior, o atual e o Congresso nada, ou insuficiente fizeram e fazem, para implementar os devidos enfrentamentos a atual crise ambiental das queimadas que vivemos.
Antes, quando as queimadas estavam na Amazônia ou no Pantanal, se dizia, entre alguns que se julgavam bacanas, que era coisa sazonal ou que era coisa feita pelos povos ribeirinhos que queimavam pois não tinham máquinas. Agora, as queimadas estão fazendo o clima na maior cidade do Brasil um inferno, as queimadas atingem São Paulo e Rio de Janeiro. A coisa chegou nos estados ricos, no dono da economia e no dono da alma nacional.
Nossa situação é difícil e novamente, o Judiciário, tão criticado, está colocando o dedo na ferida e mandando quem tem poder de ação resolver.
É muito ruim assistir a um faroeste sem saber quem é o mocinho!
Por Genésio Araújo Jr, jornalista
e-mail: políticareal@terra.com.br
GENÉSIO ARAÚJO JÚNIOR é jornalista e bacharel em Direito. Há mais de 20 anos atua na imprensa de Brasília, coordenador-editor do site Política Real, empresa que também é gestora dos sites Bancada do Nordeste, Bancada do Norte e Bancada Sulista.
