Jair Bolsonaro, mesmo dando caneladas no bom sendo na questão da pandemia, deixou de maltratar políticos e membros do Supremo.
Brasília (DF) – Desde 18 de junho de 2020, o Presidente Jair Bolsonaro deixou de dar suas quase infalíveis entrevistas coletivas, com direito a claque de apoiadores, à porta do Palácio do Alvorada. Quase sempre ele maltratava jornalistas para delícia de uma claque que detesta o contraditório, em tudo vê antagonismo, e não esclarecimento.
Claro, não dá para deixar de associar tal movimento ao dia em que o antigo faz-tudo da família, Fabrício Queiróz, foi preso por obstruir a Justiça no famoso “Caso das rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro(Alerj), que chega ao senador Flávio Bolsonaro. Não é bom esquecer que tem depósito feito por Queiróz, revelado durante a investigação do Coaf com o Ministério Público do Rio de Janeiro, na conta da primeira dama Michele Bolsonaro. Um constrangimento e tanto, que não tem data certa para acabar.
De lá para cá, Bolsonaro, mesmo dando caneladas no bom sendo na questão da pandemia, deixou de maltratar políticos e membros do Supremo Tribunal Federal. O Planalto fez um claro movimento de aproximação com os poderes. Deixou ao largo seu apoiadores mais desbocados, afastou vice-líderes e até no trato com a turma do Fake News foi cuidadoso até no apoio. Nesse sábado, ele até anunciou que junto com a Advogacia Geral da União(AGU) iriam recorrer da decisão duríssima do ministro Alexandre de Moraes, do STF, que mandou bloquear contas de redes sócias de bolsonaristas.
O ministro das Comunicação, Fábio Faria, há pouco de um mês no cargo que ficou turbinado com a chamada Secom, que comanda a mídia do Governo Federal, concedeu entrevista neste domingo ao jornal “O Globo”. Entre outras coisas, ele disse que “o governo precisa de paz para governar, e as pessoas também querem paz. Temos grandes desafios: a pandemia e a retomada econômica. Então vamos focar nisso e deixar as guerras de lado.”, disse.
Ele entende, isso sim, que a postura adotada pelo Presidente Bolsonaro, que teria mudado efetivamente com a prisão de Queiróz, não iria mudar.
“Não acredito que a gente possa voltar àquele tempo. Ninguém aguenta briga todos os dias. É ruim para a imprensa, para os Poderes e é pior para o governo. Se fosse um governo que não tem o que mostrar, a guerra constante era o melhor dos mundos. Quando um governo tem o que mostrar, a guerra é um tiro no pé. A calma faz com que os fatos positivos sejam mostrados. O presidente está vendo isso“, disse.
Faria, tendo os militares do lado, mesmo não tendo histórica ligação com eles, deixou claro que Bolsonaro está convencido de que a nova forma de proceder está dando certo. Nesse período, cresce a atenção entre redes conservadoras não aos xingamentos, mas as obras e gestões feitas pelo ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, e do ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura.
A entrevista traz mais revelações e preocupa, sim, aqueles que temem as pautas ultraconservadoras que vão além da forma agressiva do Presidente. Ele é questionado sobre a postura de confrontação que teria sido montada pelo Presidente, aí ele fala das pautas.
“As pessoas elegeram a pauta conservadora liberal, e o Bolsonaro tem o direito de apresentá-la e implementá-la. Ele não pode ser atacado por isso…..A pacificação não significa refluir nas pautas, muito pelo contrário, é pacificar para tentar implementar”, disse.
O chamado chicote de Bolsonaro pode ter sido deixado de lado, mas o novo e poderoso conselheiro do Presidente disse que não duvidem, ele voltará, quando o tempo ficar bom e o povo com barriga cheia estiver, com suas ideias estranhas para a maioria, mas que tem apoiadores sim! Resta saber como será!
Por Genésio Araújo Jr, de Brasília.
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GENÉSIO ARAÚJO JÚNIOR é jornalista e bacharel em Direito. Há 20 anos atua na imprensa de Brasília, coordenador-editor do site Política Real, empresa que também é gestora dos sites Bancada do Nordeste, Bancada do Norte e Bancada Sulista.